PERFIL DO ALUNO DE "SUCESSO" ("Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."— Khalil Gibran)

O aluno de sucesso foi criado pela instituição familiar, conjugada com a igreja e escola, ensinaram-no sobre o verdadeiro cidadão, sendo ele reivindicador de seus direitos, mas se esqueceram de lhe dizer que só é digno de direitos, quem cumpre seus deveres. Ensinaram-no sobre o verdadeiro cidadão, como sendo ele conquistador das atenções, para não passar despercebido em nenhum momento sequer, impõe-se, entretanto se esqueceram de lhe dizer, também, que a "palhaçada" faz a diferença, porém é inútil, nesse caso. No Brasil, só o Tiririca é um palhaço de sucesso.

O aluno de sucesso não pode ver uma aglomeração barulhenta que ele corre para lá, gritando: — Porrada! Porrada! Porrada!!! Como o mundo MODERNO o ensina melhor! Hoje, já se separa brigas com "splay' de pimenta, e há colírios desirritadores dos olhos enfumaçados das coisas. E ainda se atreve fazer o inédito relatório do tumulto, porque presenciou só o alvoroço!

O aluno de sucesso não se acanha em transgredir qualquer lei ao realizar seus caprichos: mente, rouba, xinga, edita conversas no celular, ameaça, tenta subornar etc. Depois apossa-se do fingimento para parecer vítima e continuar sorrindo, de consciência limpa, àqueles que ele massacrou.

O aluno de sucesso reivindica igualdade com os seus professores, e sai gritando nos corredores: — "Se o professor pode, eu também posso!" Mas, a atitude referencial não são os dons dos mestres, porém as mazelas deles, pois não são perfeitos. Então o aluno reclama porque o professor não usa uniforme, às vezes atrasam e ostentam alguns privilégios, tipo: o lanche diferenciado. Ele copia mais os erros dos professores do que os seus acertos. Alguns zelam por uma camuflagem: O olhar penetrante; cabelos desgrenhados; mochila sempre nas costas; telemóvel no bolso da camisa; muitos livros nas mãos; calça com muitos bolsos estufados; bracelete além de relógio; são mais populares que os professores na unidade escolar.

O aluno de sucesso, mesmo não sabendo escrever corretamente, incapaz de fazer uma redação escolar, quando alguém lhe avisa de um erro de desempenho na escrita do professor, ele escandaliza e grita debochadamente: — "Que professor de português é esse?!" Humilhar os professores lhe importa mais, assim ele sobrepuja em sua busca de reconhecimento dos aprendizes ao sucesso.

Esse tipo de aluno, é sempre bem orientado para buscar ajuda junto às autoridades assistenciais, caso o sucesso esteja demorando. Por supostos prejuízos, choram e obrigam seus pais, que nunca podem ir à escola buscar seu boletim, a irem desacatar professores e coordenadores. Sair por cima é o interessante, depois ele restaurará a relação com os ofendidos, fazendo gracinhas, desta vez, convenientes.

O aluno de sucesso está sempre nervoso, e procura resolver qualquer situação de forma violenta, por mais simples que ela seja, indicando que o ódio deve superar a razão. Fazendo medo a todo mundo, assim diminuem seus desafios. Mas, esqueceram de lhe dizer que responder os desafios o fará grande.

O primeiro passo na busca do sucesso é o aluno rodar o livro no dedo. O livro fechado em alta velocidade em seu dedo é uma forma de domínio. As alunas de sucesso já não podem fazer essa lição, por causa das unhas bem trabalhadas, mal pegam na caneta para não estragá-las, então se agregam aos dominadores e riem por bobagem, como sinal de apoio, desfrutando do status.

O professor, que quer sobreviver, submete-se ao "passo-a-passo" do aluno "herói" e o elege como representante de classe, ou seja, pega carona com os bem-sucedidos para sofrer menos, mesmo tendo de assinar uma advertência a cada semana por denúncias de aluno, questionando o trabalho dele. Eu recorro, também, à ironia, minha arma, até então, secreta.