OS OUTROS
Há dias nostálgicos, macabros e vazios. Há dias em que não há como saber o que se quer, nem se realmente quer alguma coisa. Há dias em que não escrevo, não bebo, não como, não durmo, não vivo... Há dias em que não consigo transparecer nada.
Sempre gostei dos belos trabalhos de Carlos Drummond de Andrade, grande poeta e conhecedor do ser. De certa forma em seu poema "Ausência" consigo ver algumas faces do que sou.
"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
A minha ausência, quero sempre aqui, perder o vazio é empobrecer-se de si mesmo.