JUSTIFICATIVAS DOS INJUSTIFICÁVEIS, PORÉM DIGNOS! (Então, se assim for, que a avacalhação tome de conta.)

Final de bimestre na escola é um antro de problemas. Parece-me que no Ensino Fundamental é pior. Então, apliquei minha prova, Língua Portuguesa, na data já marcada pela coordenação. Mas, sempre têm os desleixados com seus (des)compromissos, esses não comparecem nem mesmo para oferecer-lhes lanche caprichado. Alguns não fizeram a avaliação. Para tanto, no dia seguinte, pus-me a analisar as justificativas, tentando ser justo com os que se esforçaram para estarem pontuais, eu pretendia dar outra oportunidade a quem merecesse. 

           Uma aluna do sétimo ano veio com a mãe barraqueira. E me explicou que não veio fazer a prova, porque sua avó estava na UTI. Ironizei perguntando-lhe se ela era médica! Pois, visitas na UTI é muito restrito. Não mostrou nem um atestado de acompanhante. Insatisfeita a senhora saiu pisando duro e dizendo que eu merecia uma "mãozada" na cara. Constatação de um péssimo exemplo e a explicação do comportamento agressivo da filha. Encaminhei, e elas foram importunar também a diretora.

           O outro do nono ano justificou-se explicando-me que tinha de acompanhar a mãe ao banco, pois ela tinha lhe prometido um presente, e ele queria escolhê-lo. Não seria o melhor presente a valorização do seu compromisso escolar? Mas, a mãe não o ajudou!

           Outro do sétimo ano, também hilariante, foi o único que trouxe um atestado médico provando que foi ao dentista  dois dias anteriores à prova.

            Mais um do sétimo que preferiu faltar à prova, justificou-se dizendo que estava com dengue, porém não foi ao médico! Como ele sabia que estava com dengue? Se no outro dia ele compareceu para reivindicar a oportunidade de fazer a prova, que dengue é essa com sintomas de um dia!

            Não preciso citar aqui todos os onze que perderam a prova desse primeiro bimestre, para chamar a atenção ao fato de que todas essas "baboseiras" só confirmam a falta de "seriedade" a que tratam a escola burocrática das estatísticas. Sem falar dos que "matam" a família inteira para ter credibilidade na desculpa, justificando ausências normais. As afrontas já me bastam!            E a direção me obrigou dar-lhes outra prova para evitar maiores transtornos. Por isso, descubro-me um péssimo professor, como me dizem as mães deles. E sem prestígio profissional, ofereço o que o cliente, de todo mundo, quer: produto barato. Assim, concluí que a escola só tenta ensinar e só tenta avaliar, porém sempre os credencia favoravelmente, por medo das afrontas dos que tomam à força. Família e escola não se comungam: "Poderão dois andar juntos se o objetivo não for comum?" Os pais não sabem quando é a semana de provas na escola, apesar dos comunicados oficiais da direção e coordenação, e revisão de conteúdo por professores sinalizadores. Aliás, esse tipo de aluno, mesmo lhe dando outra chance, ainda acusa os professores de não ter ensinado a matéria que colocou na prova. Eles querem apenas desafiar a rigidez do sistema pelo prazer de avacalhar. Então, se assim for, que a avacalhação tome de conta e pague a conta toda.