Palavras

Palavras que voam com o vento,

que repousam sobre os lábios.

Viajam sozinhas sobre as tiras do destino,

procurando sentidos e intenções certeiras.

Palavras que acompanham as interrogações.

E dessas tornam-se palavras sem destino.

Florescem sobre o epigrama,

Perdem brilho da conotação velha.

Palavra que gira sem voltar,

que volta sem girar.

Palavras que voam com o vento,

que são apreciadas em pleno paladar.

Palavras que perdem o sentido,

e que nunca sentido tiveram.

Palavras sem voz, com ponto final.

Palavras sem palavras, sem nada.

Palavras que não podem ser expressas.

Palavras pressas, que não florescem,

que vivem mortas ou adormecidas.

Vivem tristes, magoadas, sem ser pronunciadas.

Desfalecem na madrugada da saliva,

calam-se!

Como as palavras terão vida sem serem perseguidas?

Palavras presas na ditadura,

ditadura do homem desse país.

Palavras de amor e que ferem.

Se não falar, quem falaras por mim?

Fábio Aiolfi
Enviado por Fábio Aiolfi em 14/11/2008
Reeditado em 08/07/2014
Código do texto: T1283459
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