Presente ilusão

Já faz uma primavera.

Mas o que se há de fazer?

A cada amanhecer, imploro pela noite.

Contudo, esta se faz longa demais.

Sua presença me persegue, me atormenta.

Numa dor angustiante me devora.

Me revira e traz à tona meus demônios.

Aqueles com quais luto a cada segundo.

Aqueles que despertaram em mim outro ser.

Rebelde, louca, insana, sem noção.

Sem medo, insinuante, experiente.

A outra metade, frágil, acanhada.

Isolada, sem vontade.

Que fez comigo?

Bem verdade já procurava as sombras.

Apenas uma brisa em minhas nuvens.

Senti o sol me queimar.

Quase virei pó.

Mal abri os olhos e já se foi.

Para o seu mundo que me era desconhecido.

Uma primavera se passou.

Ainda te vejo pela manhã.

Ainda te abraço na solitária madrugada.

Mais perto do que nunca.

Mais amor do que tudo.