Vão morrer flores nos jardins

Vão morrer flores nos jardins hoje, amanhã e depois

Beijos quebrados, sonhos partidos, mulheres mortas por amar

Seres divinos condenados, ventre é teu sagrado, teus seios alimentam,

suas vozes confortam e suas mãos acariciam o próprio coração.

Vazio é o homem capaz de apagar o brilho de um ser que se entrega com alma e integridade. Perpetua seu nome e deixa sementes de vida, sejam nos tempos de paz ou de guerra. O olhar de uma mulher é mágico e transcende o olhar de um homem perdido que em seu colo encontra o seu cais.

Dois seres magníficos, mulheres e crianças, são estes os elos de um amor universal, criados com perfeição para dar continuidade ao desfalecido mundo de horrores, sempre renovado quando ecoa um grito de nascimento e o brilho do olhar de uma mãe que pela primeira vez vê o seu filho.

Muitos tentam entender o amor de um Deus, poucos percebem o quanto perto se encontra!

A razão nada explica a dor existente. Nunca conseguirão decifrar a mão que bate em vez de acariciar, a voz de tantas promessas e sonhos e de outrora de julgamentos e raiva. Unidos pela paixão, separados pelo ódio. Unidos por compreensão, separados pela morte forçada, doentia. Que filme passa na mente dessas mulheres ao ver quem tanto amam, apontando uma arma, segurando uma faca, lhe tirando a vida e o direito de continuar a sonhar. Quando uma mulher desfalece pela brutal ignorância de um homem, morrem todos os significados e respostas de tudo aquilo que não saberemos no futuro. Em seu ventre poderia ser gerado o ponto de interrogação de tantas dúvidas que ainda virão.

Meninas vão crescer, sonhar, lutar, vencer. E somente por hoje desejaria não ver flores morrerem nos jardins. Ver a mulher um dia menina morrer no seu tempo, mais nunca por amar alguém incapaz de entender a existência das flores e o coração de uma mulher. O amor é vida, vida é o amor.