Metamorfose do homem


Áureos raios de luz nascendo na berlinda!
Papiro em branco sem pauta e rabisco,
Apenas um nome, um suspiro, uma vida,
Pequenino broto protegido no aprisco.


Botão de rosa em manhãs ensolarada!
Nuvem clarinha navegando sem destreza.
Passos incertos, insegura caminhada.
Pequenina árvore sem grande firmeza.


Grande veleiro, sem âncora e leme!
Levado pelo vento defrauda-se ao mar,
Mas, a cada tempestade, tomba e treme,
Pois, ainda não aprendeu a arte de remar.


Mar revolto e turbulento desafia as corredeiras!
Sem pensar nos precipícios ao fazer as suas rondas,
Não assume seus ofícios ao passar as ribanceiras
E é pego em maresia na rebeldia de suas ondas.


Terra fértil e orvalhada, ventre pro plantio!
De lírios e abrolhos, dependendo das escolhas,
É um campo verdejante, ou é terreno baldio,
Em alegria se estruge, em tristezas caem folhas.


Rio de águas claras desbravando as montanhas!
Recebendo nas artérias, outros afluentes,
Destilando as essências do fundo das entranhas,
Com destreza e sapiência, sorvida de outras mentes.


Oceano de águas mansas! Olhar de espertas águias!
Antologia de sonhos, coletânea de experiências,
Forjadas no recôndito de inúmeras lábias,
Saber e magnitude em lapidadas essências.


Rochedo sedentário espreitando o horizonte!
Do bater de tantas ondas, já se ver a rachadura,
E cada dia mais aumenta o branquear de sua fronte,
Esperando a hora certa de descer à sepultura.



Nota: Esta poesia será publicada no fim do ano de 2009, na Antologia de 2008 do Prêmio FEUC de Literatura - RJ, por ter ficado entre os finalistas, na categoria: Outros Estados.