Olhar o rosto no retrato
em dias  monótonos
regados de brisas frias e mansas
exibe imagem de olhos tão vivos
que espiam saudades.

As sedas cobrem o corpo nu
o azul do vestido
perde-se nas brumas
no galopar dos sonhos
das horas silenciosas.

Cavalga o lobo faminto
banhado em luz
vertigens e sobressaltos em atalhos
busca o olhar amante
perdido secretamente no breu da alma.

Ouve-se forte
um latido lamento
as mãos gelam
- o cão fareja  dor
a presssentir o fio da  indiferença.

À volta, tudo está no mesmo lugar
os segredos - aquele amar - 
estão presos em redoma.
E os pecados?
São lavados em essências de limão.

Página 47 , do Livro em Branco, Editora Somar

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