mulher na varanda.

Madrugada, duas horas da manhã,

e nem todas as manhas me adormeceram,

estou insone na varanda de um apartamento

de uma capital do nordeste.

Somente uma castanheira que balança as folhas

em uma dança concupiscente,me olha.

Há um poste casmurro imóvel

irradiando sua luz indiferente,

e não há um ser humano por perto.

Todos dormem e sei de meu ontem

e só sei deste hoje : não dorme.

Dúvidas existenciais me perseguem.

Porque?Se estou ciente de meus feitos?

Perguntas me invadem a mente às duas horas da

manhã de uma quinta feira,em uma capital nordestina

na varanda ,onde há somente uma rede que me aguarda,

espera, e balança o colo rubro.

Que coisas são estas que me rodeiam e não geram

respostas?uma castanheira,um coqueiro,o poste,uma rede ,

lá longe uma estrela brilhante ,e o ser humano dorme

enquanto me sinto sem carne ou

só espírito dentro de um crâneo aflito.

Tudo respira solidão,

e o ar quente suspira obscenidades

em minha mente,enquanto me acalanta.

São duas horas da manhã

estou repleta de dúvidas

e sem o consolo de uma resposta enganosa.

Já se faz manhã:descansa,poeta!

-assopra me o silencio-,

já rabiscaste teus desenganos

já versejaste tudo de humano,

sensível,piedoso,e grato que tens em ti.

São duas horas de minha insana manhã

na varanda,quando o vento assobia:

-Vai para a cama,menina,

e finge que és a cinderela!.

Suzana da Cunha Heemann
Enviado por Suzana da Cunha Heemann em 21/10/2016
Código do texto: T5798825
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