"puxo a cortina"

puxo a cortina

e eis-me

entrando

uma vez mais

no ventre erótico da palavra ciciada

a minha insanidade aberta

em nudez de sons

a tua voz liberta

em nudez de luz

e o adjetivo, delicado,

verdadeiramente lânguido

por entre a curva

que desenha

o teu corpo

na brancura desta frase que eu murmuro ao teu ouvido

és bonita, sem dúvida

e por isso eu te afago

a ânsia de quereres ser eterna

para que hoje agora mesmo tu o sejas

por um instante

eterna

(Excerto do livro “É preciso calar o monólogo”)