Catacumbas

Os segredos vivem no subsolo

Nas entranhas desse mundo insólito

De areia, granito e sangue

No subterrâneo há mil catacumbas

Veias sem vida por sob a cidade

Vias úmidas que bombeiam a morte

Escuros túneis sem norte

Que vão a todo lugar

E chegam a lugar algum

Infinitos labirintos

Curvas sinuosas

Que se perdem sob a pele

Do submundo que engole almas

Amontoadas nas celas frias

Em covas escondidas

Milhões de ossos carcomidos

Montados em muros

Sepulturas geladas

Séculos de vidas mortas

Cidadãos da metrópole

Zumbis sem biografia

Existências finadas

Enterrados a sete palmos

Exumados a vinte pás

Mortos-vivos emparedados sob a cidade

Os túneis dividem-se

Dezenas de entradas

Nenhuma saída

Degraus de ossos

Paredes de crânios

Esgotos de rua

Bueiros de chuva

Milhões de sepulturas

Catacumbas sem luz

Destino de todos.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 08/09/2008
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