Eu e os ossos (Poesia para o não-entender)
meus ossos pularam fora
eu, por dentro,
sou pecado no escuro
e ando sobre duas pernas
mas tenho menos equilíbrio
que um saci.
sou só carne e sangue
e estou por fora disso
minha cabeça não cabe mais
no meu crânio,
meu eu-mesmo encontrou um espaço melhor
fora de mim.
tenho uma fé descrente nesses tantos eus,
que é de séculos de agora.
esta fiúza é minha muleta,
o bicho em que eu monto e sigo
e pinto os dois num pano bege
que eu chamo de vida.