A VIAGEM

A VIAGEM

Cdor Heraldo Lage

Eu sou nuvem passageira

Que com o vento se vai

Eu sou como um cristal bonito

Que se quebra quando cai

Esses versos de uma música tão linda

Mostram como hino a mais pura verdade

Não se pode negar que tudo nesta vida, finda

Se não por acidente, se esvai pela própria idade

Guardo hinos para mim verdadeiros

Que a mim representam o inevitável

Sei que os momentos derradeiros

Virão sob forma viável ou inviável

Entretanto o que me marcam nesta vida

São desejos que arrasto comigo em meu viver

Como exemplo, ser lembrado pelo bem que fiz na lida

Algumas coisas boas que sob meu comando, fiz acontecer

Existem outras músicas que para mim são como hinos

E quando as ouço ou lembro, em mim tocam sinos

Sabiá foi feita em homenagem à outra pessoa

Mas como se a mim fosse feita, sempre soa

Fala de um ser de Luz que nasceu

Foi chamado e seguiu sua viagem

Ao eterno mundo, em seu apogeu

Agora viaja a uma outra paragem

Quando alguém se transforma em Éter, se vai

Sem corpo físico pra longe dos amigos desta terra

É como se apenas estivesse subindo alguma serra

Viverá na lembrança, lá de cima nunca mais cai

Mas a viagem não começa em seu momento derradeiro

E sim no momento em que se torna um ser por inteiro

Fruto do amor que o concebe e lhe dá uma vida

O sustenta e cria lhe garantindo guarida

Se esse Ser é bem criado e boa índole ele tem

Desde um até os seus sete anos de idade

Terá formada uma boa personalidade

E será diferente como ninguém

Em sua viagem pela vida poderá ter berço abastado

Que o mantenha protegido, dos riscos afastado

Poderá também ser detentor de um berço pobre

Terá sua vida que será bem diferente da de um nobre

Se criado com dignidade poderá ser um Ser inovador

Sem que para isso aprenda a se sentir alguém superior

Poderá se formar algum dia, um futuro conhecido doutor

Ou poderá ser apenas algum mero e desconhecido senhor

Durante toda a viagem em sua vida terrena

Poderá encontrar pessoas amigas

Que tornem sua vida mais amena

Com amor e carinho das amizades antigas

Uma amizade que perdure por toda a eternidade

Formada pela magia de uma atração verdadeira

E desprendida, desde a infância ou a puberdade

Sem quaisquer interesses, perdurar a vida inteira

Se alguém seguir viagem para outra parte

Quem aqui ficar, além de toda a saudade

Guardará em si como viva aquela amizade

Entre esses amigos não haverá o aparte

Se um Ser é importante a alguém por aqui

Fará falta a quem o ama quando for por ali

Mas e até que ponto esse alguém valoriza

Aquele Ser antes que se torne uma brisa?

Se enquanto vivo um ser não é respeitado

Por que será só depois homenageado?

Quando se quer a alguém valorizar

É aqui que se deve amor lhe dar

Dar carinho, respeito, prazer, amizade, paz...

Dar é uma das leis usadas pelo princípio da criação

Dar é algo importante para a Natureza em tudo que faz

Dar, se doar, sem nada esperar, sem nenhuma outra intenção.

Dar não envolve somente o dinheiro, ou propriedade!

Um simples carinho, uma oração a outrem abençoando.

Gera o retorno pela Lei da Ação e Reação, é verdade!

Tudo que se faz se fortalece e à origem vai retornando.

Na viagem pela vida o que não falta é uma oportunidade

Mas a principal, conhecer seu Eu quase sempre é perdida!

Enquanto por aqui se busca coisas por mera vaidade

E em triste contrapartida se faz muita gente sofrida!

A vaidade afasta viajante do Eu verdadeiro

Destrói-se a pessoa na pobreza do seu Ego

Enquanto chafurdar nessa lama por inteiro

Como n’água se afunda um simples prego

A Natureza é uma grande sinfonia!

Silenciosamente regida

No supremo terreno da criação

Se você tem ativada a atenção

Pela intenção dirigida

O que inexiste, existe pela magia!

A viagem pode ser, de boa à ruim

Só depende de quem viaja decidir

Como agir para que tudo seja assim

Como predefinido na hora de partir

Quantos erros cometemos

Pela falta do silêncio como prática?

Porque sempre esquecemos

Que tudo funciona como matemática!

O que vale nesta vida é só a Obra que se deixa

Quando é justa e marcante, deixamos saudade

Quando mal vivida e sem brilho, deixamos queixa

O que vale muito menos é lembrança de maldade

Inveja, traição e falsidade são alguns dos componentes

Que em larga escala se encontra durante a viagem

Em uma pessoa que se mostra tantas vezes falsamente

Como se o exato oposto levasse em sua bagagem

Existe fruta que durante o inverno fica amarga

Outra na mesma árvore se adoça deliciosamente

Com as pessoas que carregam a mesma carga

Acontece a mesma coisa, é saga, infelizmente!

O que desejo nesta vida enquanto viajante

É viver o máximo, cada momento delirante

Ganhando ou perdendo me sair triunfante

Consciente, ser apenas mais um viandante

Deixar aqui a minha obra, realizando sonhos

Transformando momentos tristes em risonhos

Ajudar as perdidas... A serem encontradas...

Que frustradas possam se tornar realizadas

Quero apenas poetar para a multidão

Que tão triste vive neste mundão

Meu desejo é deixar trovas

Independente de provas

Para que nesta longa viagem

Possa levar em minha bagagem

No meio de meus pertences diversos

Muita rima, muita prosa, muitos versos!

Quero me dar... Doar... Recitar...

Em noites de luar... Iluminar...

Realizar alegria sem par!

Dizer... Fazer acontecer...

Um novo amanhecer...

Ver o alvorecer!

E quando eu partir... Porque tiver que ir...

Minha energia a fluir... Eu possa sentir...

Meu Novo Porvir!

Seguir...

Sem mais nenhuma blindagem!

Desprovido de roupagem...

Para a outra paragem...

A VIAGEM

Heraldo Lage

Amigos Verso & Prosa

http://www.hlage.com.br

Em 20-04-2005 – 00:05 hs.