O poeta e a Madrugada

Não se pode aprisionar a alma,

Escrevia o poeta bebendo Conhaque.

As pessoas dormindo nos sonhos

E os filósofos nas teias do mundo.

De repente o céu explode em cores,

Como as noites de guerra em Bagdá.

Era um estrondo de fogos que pareciam imaginados no céu do poeta a fazer brilhar a madrugada.

Há duas quadras dali um dos seus vizinhos não dormia com medo de fantasmas, os quais não sabem que morreram e voltam para se esconder nas sombras da mente humana.

Um galo cantou adiantando o relógio de outros galos.

Gatos se esfolavam no cio.

Veio ao poeta, de repente, vontade de amar.

Teceu em frases curtas uma bela figura feminina.

E depois de muito amá-la com dores e alegrias.

escreveu novamente sobre o papel.

É preciso fazer um poema para essa pequena.

É preciso fazer quantos forem preciso.

É preciso o quanto antes, um poema tecido com fibras de carinho, em quanto pasma o mal-me-quer bem-me-quer dos meus sentimentos.

Poema metalingüístico.

Poema desafogo.

Verdadeiramente imperfeita e cristalina: como anjo não, como humano: acessível sem orações.

E depois riu-se, riu-se de gargalhar enquanto inventava outras poesias

que verdadeiramente sentia. O conhaque entornou no papel e no poeta; e a "pequena" amanheceu para sempre esquecida, como as sinfonias que Mozart não escrevera.

Sérgio Caldeira
Enviado por Sérgio Caldeira em 05/01/2011
Código do texto: T2710135
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