MORRER DE AMAR
Não há ato rídiculo e humilhante tamanho à vida,
Que humilhe o homem de tal sorte, a não ser...
A humilhação que lhe impõe à vida à morte.
Pedir-lhe pão é fome,
Pedir-lhe água é sede;
Pedir-lhe perdão é gesto nobre.
Pedir-lhe compreensão é dar luz,
Pedir-lhe que volte,
É humilhar-se à morte.
Pedir-lhe para não morrer
Quando já lhe se é consumada à morte,
É humilhar-se tanto e tanto à vida...
Portanto, se se foi, se quiser, volte!
Se matou é morte,
Se se morre, se vive, amiga!...
Não para subjugar-me à vida,
Entregando-me à morte.
Quem mata, um dia, também verá a sorte.
E, certamente, sentirá a mesma dor
Dor de quem um dia apunhalou um coração
Cheio de amor...
Com a ira pungente da morte.