Além-túmulo

Na noite de solidão o meu corpo estremecia

Do meu peito jorrava um sangue que não tinha serventia

Mesmo na escuridão minha alma enaltecia

Tentava com um sorriso conter a melancolia

Com as unhas negras tirava a terra que me revolvia

E sugando o ar fresco eu quase me esquecia

De que estava morta, no túmulo apodrecia

Ao caminhar pelo cemitério minha carne caía

Alguma larva dos meus dentes sujos saía

Mais sete passos e o portão alcançaria

Porém minha visão aos poucos enfraquecia

A dor da vida sucintamente me envolvia

Percebi então que este sentimento não suportaria

Desabando no chão, senti que de novo morria.

(25/07/12)

Elaine Rocha
Enviado por Elaine Rocha em 26/07/2012
Reeditado em 31/07/2012
Código do texto: T3798360
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