A Alma E A Entropia

Eu, por um acaso, desafiei a morte hoje

Eu não a temo, eu não a devo nada

Ela olha nos meus olhos

E vê as inúmeras correntes etílicas, em chamas

Eu deveria me curvar agora?

Beijar as curvas desse corpo esguio?

Por que eu deveria chorar?

Quando me deleito em sua carne, filho eu não me torno?

As minhas preces emudecidas, inebriadas

Fundamentadas na discórdia, no caos do exagero

Na sombra apocalíptica do emblemático porvir

... Algo em nosso futuro? Algo em nossos céus?

Ah se eu pudesse te mostrar quem sou

Ah se eu pudesse fazer você beber desse elixir elucidário

Você veria as coisas sobre o mundo, grandiosas como são

Enxergaria a mentira, iria se desviar do curso não-natural e devastador

Você sabe quem você é, minha criança?

Está viva? Respirar te torna uma de nós?

Vi você viajando milhas e milhas pra longe de toda escuridão

Mas ela é você, ela nasce e morre nos seus olhos avermelhados

Eu te vi aceitando as culpas, abraçando o vazio psicodélico

Numa vida, num disfarce, numa ilusão helenística

Gerada para o amor, não compreendida em toda sua extensão

... Uma fagulha do fogo gerador, da vida mastigada pelos dentes do universo

Os sons... Os sons lhe agradam, não é?

A sereia das terras-dos-leões-alados tem a voz delicada

Esses assimétricos desenhos na sua alma

Enferrujando com o tempo... Levando para o esquecimento a história

Você olhou no espelho hoje?

Era você, criança? Quem era então?

Dizem que a alma se corrompe, mas o propósito não

... Então, todos nós, unidos na dor de sermos quem somos!

A ciência, danificada pela crença, não encontrou os caminhos para o início

O preceito estilhaçado de criação, a desordem natural das coisas

Um tanto da fumaça que oprime a visão das pessoas

A cortina desumana, os brilhos na noite do norte, a assinatura do inimigo nos nossos céus...

A fonte quase inesgotável de censura e manipulação

Fazendo sangrar a inocente existência, velada no interior do seu coração

Ondas entorpecentes de palavras esquisitas e belas aos ouvidos superficiais

... Tornamo-nos suas crias, deus, nos faça melhores que você!

Tomverter
Enviado por Tomverter em 22/08/2012
Código do texto: T3843676
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