Cotidiano.

Uma bolinha pra dormir, pra acordar. A cor de rosa, quem sabe? Pra viver.

Viver pra que? Viver pra quem?

Nesse apartamento só há um peixe, e é azul. Da cor de Deus, da cor do mar.

Há aquela planta. E é frágil, eu sou. Tem até perfume, e exala dor.

Acendi uma vela pra pedir amor. E tive, e foi.

Trabalhei, estudei. E quem fui? Quem sou?

Não fui bom filho, pois não voltei pra casa.

Não fui bom cristão, e a fé cresceu.

Não fui bom amigo. Chorei sozinho.

Nem fui amante de ti ou de mim. E eu vivo.

Mecânico, robotizado, metálico. O cotidiano entre cafés amargos.

Meus lençóis estão limpos e obrigado. A alma nem tanto, e pra que?

E quem virá? Quem viverá?

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 24/09/2012
Reeditado em 24/09/2012
Código do texto: T3898279
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