SEM LAMENTOS

Nem muros, nem lamentos

Nem mesmo onde encostar

Desarmar a rede, encher o cantil,

Correr então a mais de mil

Para que a vida não me pegue

E que eu nem mesmo chegue

E se chegar, nem reconheça

O ser estranho que me habita

Sem tempo para perplexidades,

Guardo lampejos que num piscar -

Se foi, nem mais vejo...

Pois o abismo é sem fim

Repleto de loucuras de mim

Morrendo numa piegas sensatez -

Em breve estarei extinta

Sem casa para voltar,

Nem cama para dormir

Talvez durma longos anos

E nem mais veja o amanhecer

Pois derradeiros momentos

São todos que se vão -

Assim como a vida

Que não volta nunca mais...

Serei a estátua do enigma

Enigma de mim mesma

E no soprar o vento

Serei vapor, d'um calor que se foi,

E quando tudo parecer desarrumar-se

A esperança flutuará,

Soprando, arrumando lugar...

- quem sabe não amanheça,

Pois que dores não deveriam acordar

Bocejando ressacas de vida,

Dormiriam profundamente,

Para todo sempre, e acordaria

Apenas num sopro, de poesia

Quando o sol aparecer

Resmungarei perdas e vislumbrarei caminhos,

Sonhos, risos e ninhos,

A vida que fecunda é a mesma que mata,

Mas que também alivia -

Como canto de passarinho....

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 16/12/2013
Código do texto: T4613512
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