A arte da perfeita imperfeição

O pincel sujava a tela

Enquanto o artista

Sentia a intensidade

Do ardente colorido da aquarela.

A obra era abstrata

Como o coração do poeta,

Irregular, livre, idealista.

Ele compunha cada linha

Daquela imensa paisagem

De sentido duvidoso com

Veementes gestos de coragem.

A obra era a Vida,

Com linhas tortuosas,

Incompletas e desencontradas.

O artista jamais a terminaria, pois

A Vida é composta pela incessante

Busca da pura poesia

Escondida na simplicidade.

A Vida era grafada com seus traços intensos

Que, quando unidos, só se faziam belos

Pelo fato de haver tantas divergências entre si.

O artista criava na tela sua paixão

Principalmente para transcender o que sentia,

Expressando as cores de sua emoção,

Para assim se embriagar da grandiosa poesia.

A arte impecável estava de lado

E o pintor expressava a beleza

Que se encontra na Vida dos desencontros.

Diversas outras Vidas eram compostas

Cheias da frivolidade e das certezas

Que assolam aqueles que têm alma

Pobre e paixões sem flama.

Assim, muitas Vidas não tinham sentido,

Afinal, elas se resumiam a uma tela,

Não extravasavam seu furor colorido.

Mas a Vida do poeta era modelada

Repleta da liberdade e da paixão

Que a tornavam infinita

E, enfim, perfeita.

Afinal, a Vida é feita de expressão,

É arte abstrata,

Perfeita na imperfeição.

*Texto integrante da Antologia do Prêmio UFF de Literatura 2013, tendo recebido menção honrosa no concurso, e premiado com o 3º lugar no IV Concurso Literário da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências de Vinhedo-SP.

Ronaldo Junior
Enviado por Ronaldo Junior em 07/01/2014
Reeditado em 01/05/2015
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