O andar da fila

Quando dizemos que a vida continua,

É porque ela está marcando passo,

Ou, ignorando a cadência da banda:

ainda brilha após o eclipse, a lua,

Mas, mau agouro deixa seu traço,

Na soturna mensagem que manda...

Perdas, são ganhos, realidade crua,

Ao menos, ganhamos certo espaço;

A cada passo com qual a fila anda;

E quando verteu a indiferença tua,

Só restou recolher meu braço,

E buscar maçã noutra quitanda...

Câmeras enquadram do alto da grua,

A bela sonhada para meu regaço,

Mas, às vezes o roteiro desanda;

No improviso até que se atua,

o risco, incorrer em erro crasso,

só vale o que o diretor manda...

Pois, o peso pesado da solidão acua

Quem teve um caso com o fracasso,

E embala recuerdos na varanda;

Até quando ínfima esperança insinua,

queimado o último cigarro do maço,

Outra mão entrará nessa ciranda...