Diálogo

Os dois se encontraram beira a um penhasco vendo o sol se pôr.

Num momento de epifania ela diz:

_ Eu realmente deveria parar de beber

Ele retruca:

_ Eu também...

_ Você Também? Por quê?

_ Eu vejo a vida se desfragmentando, pouco a pouco. Como se dentro de mim, houvesse apenas um oco, crescendo cada vez mais e mais. Meus momentos alegres são totalmente irracionais, sem sentido, acabam com um abrir de olhos. Um mês, talvez um ano, me distanciar de tudo, fazer todos se esquecerem de mim por algum tempo indefinido, até que eu possa me aceitar, até que eu possa ter forças de levantar e continuar me movimentando sem sentido. Eu pensei estar contigo sonhando e amando por todo esse tempo, até descobrir que você não existia e que eu estava abraçando um vazio sem fim, uma criação da minha própria mente, e que todas as conversas eram ditas ao vento, que meu próprio tormento, eu mesmo criara. Igualmente a esta conversa dita agora, na qual resta somente... "Nós" ...

_ O que você esta falando? Eu disse que queria parar de beber...

_ Eu pensei que você tinha dito. “Eu realmente deveria parar de viver”.

_ Entendi agora...

Álvaro França
Enviado por Álvaro França em 21/04/2014
Reeditado em 23/04/2014
Código do texto: T4777273
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.