o tempo e o vinho

Lamento que tenha acordado tarde,

E feito isso num leito de espinhos,

O teu amor dormido entre pedras...

instinto de defesa, não foi covarde,

acabou machucando a duas vidas,

mesmo suportando o golpe sozinho...

mas, mão que fere também sente dor

corpo refaz, consciência não cicatriza;

a angústia do que poderia ter sido,

cogita que não foi certo o desamor;

o mesmo coração descobre o medo

de admitir que agora o colo precisa...

sei da ansiosa pressa de viver e amar,

embora ignore a mão que a conteve;

fechando a porta de teu bem querer;

desejo inda pulsa ao brilho de teu olhar,

como inquieta o sonho com teu prazer,

o ombro ainda tá, onde sempre esteve...

não tenha medo de teu medo, coragem,

estou catando ciscos pra aquecer o ninho,

a mão que abre as orquídeas abrirá você;

pegue tuas armas, ousadia como pajem

e não abafe tua pele que grita o porquê,

descubra o que o tempo fez com o vinho...