lamber a dor obscura

lamber a dor obscura

que adormece sob a nossa consciência incerta

há tanto por fazer e tanto por viver

aí onde estás tão longe do que nos queres

não faltam sonhos impossíveis

e luzes semiacesas

a consciência não gosta da penumbra

perturba-lhe a lucidez do verbo correto

e faz surgir objetos inesperados

que rodopiam voando sobre a convicção absurda do absurdo

gostas como eu

de um amanhecer fresco e confiante

em que o trilho se estende imenso até um horizonte inacabado

mas

se há verdade alguma na essência disto a que chamamos universo

é que o caminho é sempre desenhado

apenas depois de percorrido