O Coveiro e a Gótica

Numa noite de lua cheia

Sentada no túmulo abandonado

A gótica observa o cemitério.

O que para muitos é uma paisagem mórbida

Para ela é o mais sublime paraíso

O silêncio sepulcral é música para seus ouvidos.

O barulho da cidade é abafado por grandes muros

Lá embaixo, só o coveiro com a enxada

Cavando, cavando e cavando.

Uma forte paixão atinge o coração da triste moça

As flores murchas enfeitam o caminho

Ela desce ao encontro de seu amado coveiro.

Num dia chuvoso e melancólico

O casamento foi dentro do cemitério

Quase ninguém apareceu.

Juntos, o coveiro e a gótica

Cavaram uma enorme cova

Em formato de coração.

Ganharam alguns caixões

E uma Lápide velha e suja

Que belo casal, sintonia perfeita.

Ele a presenteava com lírios brancos

Ela recitava “O Corvo” toda noite

Adoravam Edgar Allan Poe.

Não tiveram filhos

E três anos depois do casamento

Morreram felizes para sempre!

Ronaldo Antonio
Enviado por Ronaldo Antonio em 23/09/2014
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