Travesseiro

Retiro minhas asas,

não quero mais ser teu protetor,

deixo aqui elas, abandono-as,

aliás, dou-te meu amor,

faça-as de travesseiro.

Não quero mais usá-las,

essas plumas, essas penas - poupe-me -

estragavam a beleza que nunca enxerguei em mim.

(Não estarei por aqui quando acordar,

pois tem alguém a caminho de casa,

e esse dom me faz acompanhá-lo,

para que chegue vivo são e salvo.)

Mas há um entre nós,

esse sou eu,

quando as retiro,

levemente os demônios vem,

colocam novas asas - carma -

e eu acordo sendo o pior dos pecadores,

e silencio-me,

pra que tu durmas bem.

Marcos Pagu
Enviado por Marcos Pagu em 21/11/2014
Código do texto: T5043403
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