Travesseiro
Retiro minhas asas,
não quero mais ser teu protetor,
deixo aqui elas, abandono-as,
aliás, dou-te meu amor,
faça-as de travesseiro.
Não quero mais usá-las,
essas plumas, essas penas - poupe-me -
estragavam a beleza que nunca enxerguei em mim.
(Não estarei por aqui quando acordar,
pois tem alguém a caminho de casa,
e esse dom me faz acompanhá-lo,
para que chegue vivo são e salvo.)
Mas há um entre nós,
esse sou eu,
quando as retiro,
levemente os demônios vem,
colocam novas asas - carma -
e eu acordo sendo o pior dos pecadores,
e silencio-me,
pra que tu durmas bem.