Quatro Nuvens

Pelas latas de lixo,

Andarilhos vasculham,

Lascas de vidro,

Moscas que entulham.

Tudo é tão fétido,

Que o perfume dos vermes,

Chega ao pico dos prédios,

Na proliferação de leques.

Cada escada cadente,

Despenca dos quintais,

Ofuscadas pelas lentes,

Focando olhos locais.

A dúvida duvida da vida,

Folheando pétalas secas,

No duelo que abriga,

Cada farpa da fogueira.

Insinuando um aparador,

Comendo cinzas de tabaco,

Respirando o doce vapor,

Que dança em volta do mastro.

Unhas despedaçadas,

Sangram dedos inconformados,

Ocupando o centro da praça,

Em uma roda de corpos drogados.

Cada sirene é uma vitrola,

Balbuciando ruídos insones,

Na casca oca que explora,

Fazendo-se fruto sem nome.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 22/11/2014
Código do texto: T5044220
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