Nem rota, nem mapa, nem meta

Acho que estou velho pra me definir

A liberdade passada me cegou

De não servir pra nada

De tanto não bastar

De tanto cercear

Fiquei louco de tanto me curar

Das loucuras de tanto juízo

Hoje não olho onde piso

Por saber que tanto caí de olhar

Não faço balanço nem previsões

Tampouco me preocupo nessas ocasiões

Sou cogumelo das secas

Palma encharcada dos pântanos

Desconfio de qualquer certeza

Mas não estou certo disso

Nem das crenças com que me encanto

Odeio-os, mas cumpro os meus compromissos

Única imposição do abstrato com que, de fato,

Trato as minhas predileções

Enquanto puder e sentir

Com a mesma irreverência dos finais inevitáveis