O Medo do medo que dá
Ouviu-se um trinar de guitarra.
Agudo e febril, um grito ecoou no prado:
“Viemos aqui pra matar Deus!”
Um gemido silencioso das flores...
Aves esvoaçadas alçavam voo;
Cabisbaixos, rios escorriam para o mar.
As árvores tremiam os caules
E muitas pessoa eram absurdas;
Tinham a cara deslavada e sonsa.
Todos os répteis se assustaram;
Menos os que moram em arranha-céus;
Esses ainda esperavam cegonhas,
Papais Noéis aveludados e toscos
Com suas renas desencantadas.
A esperança , coitada, sempre a primeira;
Morria de rir mesmo, sem medo.
Muitos segredos foram descontados
E cada um se calava como se podia.
Sem que ninguém notasse, pasmem...
Raiou um novo dia com a mesma cara.
Um sol maior ainda e muita música,
Gnomos e druidas saíram das tocas
Fados e fadas madrinhas saltitavam,
Até mesmo as que não existiam;
Fadadas ao sucesso iminente, gritavam:
“Deus não morreu!” “Deus não morreu!”
“A guitarra trash que estava enferrujada!”.
Cacá Matofino