O Medo do medo que dá

Ouviu-se um trinar de guitarra.

Agudo e febril, um grito ecoou no prado:

“Viemos aqui pra matar Deus!”

Um gemido silencioso das flores...

Aves esvoaçadas alçavam voo;

Cabisbaixos, rios escorriam para o mar.

As árvores tremiam os caules

E muitas pessoa eram absurdas;

Tinham a cara deslavada e sonsa.

Todos os répteis se assustaram;

Menos os que moram em arranha-céus;

Esses ainda esperavam cegonhas,

Papais Noéis aveludados e toscos

Com suas renas desencantadas.

A esperança , coitada, sempre a primeira;

Morria de rir mesmo, sem medo.

Muitos segredos foram descontados

E cada um se calava como se podia.

Sem que ninguém notasse, pasmem...

Raiou um novo dia com a mesma cara.

Um sol maior ainda e muita música,

Gnomos e druidas saíram das tocas

Fados e fadas madrinhas saltitavam,

Até mesmo as que não existiam;

Fadadas ao sucesso iminente, gritavam:

“Deus não morreu!” “Deus não morreu!”

“A guitarra trash que estava enferrujada!”.

Cacá Matofino

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 19/12/2014
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