Guardados



Um dia, 
Arrancou do anel as pedrarias,
Pois feriam-lhe os olhos,
Arranhavam-lhe a alma,
E algumas, eram falsas.


Arrancou-as, mas não pôde, simplesmente,
Jogá-las no fundo de um lago:
Cravejou com elas o próprio  coração
Que ficou sempre pesado.


Um dia,
Acreditou que era possível não sentir,
Não ser, não tocar, não ouvir,
Esquecer as turmalinas e esmeraldas,
Os diamantes e ametistas falsas,
As zircônias de beiradas quebradas,
As turquesas opacas...


Mas o coração, para sempre cravejado,
Batia num compasso amordaçado,
Sonhava com o dia em que as aragens
De um oceano estagnado
Enferrujariam, finalmente,
As suas engrenagens...




 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 27/02/2015
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