ESPERA

ESPERA

Espera

Esperançosamente

A esperada vida

Após a morte

Quem sabe exista a sorte

E que não seja bafo

Mas um verdadeiro sopro

Na poeira formada

E que espalhe-se em ventura

Abatendo a desventura

De estar aqui não liberto

Preso as amarras das diatribes

Dos que fazem correr sangue

Do lado de fora das veias

Que em suas encarquilhadas cabeças

Flertam ad eternum

Com os pecados capitais

E que matam a fome com gula

O amor com a ira

A paixão com a luxúria

A pobreza com a avareza

A beleza com a vaidade

A vontade com a preguiça

A humildade com a soberba

Distribuindo indiferentes

Desigualdades perversas

Que fazem do existir

Um estímulo do partir

Para encontrar

Quem sabe

Um abraço fraterno

Interessado

Em reerguer

Uma alma cativa

Apreensiva

Cansada das batalhas terrenas

Das impagáveis penas

Apenas por aqui estar

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 01/03/2015
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