Sobrevivendo

Perguntaram-me como vivia, me perguntaram;

Sobrevivendo, disse, sobrevivendo.

Tenho um poema escrito mais de mil vezes,

Nele repito sempre que enquanto alguém proponha morte sobre esta terra e se fabriquem armas para a guerra eu pisarei estes campos sobrevivendo.

Todos de frente ao perigo, sobrevivendo, tristes e errantes homens sobrevivendo,

Sobrevivendo... sobrevivendo...

Faz tempo no rio como faz tempo e isto que eu ria como um jilgueiro,

Tenho certa memoria que me lastima e não posso esquecer o de Hiroshima.

Quanta tragédia sobre esta terra, hoje quero sorrir apenas se posso,

Já não tenho a risada como um jilgueiro,

Nem a paz dos pinheiros do mês de janeiro;

Ando por este mundo sobrevivendo,

Sobrevivendo...

Sobrevivendo...

Já não quero ser só um sobrevivente,

Quero eleger o dia para a minha morte.

Tenho a carne jovem, o sangue vermelho,

Os dentes bons e meu esperma urgente,

Quero a vida da minha semente.

Não quero ver um dia se manifestando pela paz no mundo os animais,

Como me riria neste louco dia, eles se manifestando pela vida e nós apenas sobrevivendo...

Sobrevivendo...

Sobrevivendo...

Joaquin
Enviado por Joaquin em 08/04/2015
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