Melodia da paz

O violoncelo toca uma nota pesada,

E cada corda do instrumento vibra

Devido ao furor da paixão guardada.

Enfim, o ar gélido e abstrato,

De modo fremente, arquiteta a paz

Daqueles que têm bonança no espírito

Através das lágrimas de melancolia

Que escorrem do instrumento e

Transformam a música em poesia.

Alguns levam as mãos aos ouvidos,

Pois se negam a sentir o gosto da melodia

Que aflige seus tímpanos mudos.

Outros se apaixonam pelo som transparente

Que enleva a alma daquele que ama

E faz brotar a divina semente

Que, ao ser plantada no sentimento,

Desenvolve o que o homem

Ostenta desde o nascimento.

Pois a paz é de dentro pra fora,

É ser um artista do mundo, que

Faz da arte sua vida à toda hora.

A cada toque da crina nas cordas,

Uma luz acende no cerne do ser humano,

Pois o lirismo revoluciona as sonoras ondas.

Ora! Para a paz, basta ter a boa vontade

De abrir os ouvidos para internalizar

A semente da revolução da bondade!

Mas não é todo homem que fala

A alva linguagem da vida,

Pois não consegue compreendê-la,

E, assim, não segue o caminho

Que está em seu peito e o leva

Para o exceler próprio.

A ideia de um mundo pacífico

Só é utópica porque o ser

Não fertiliza em si o grão prolífico,

Que o violoncelista, através da arte,

Emana de sua sinfonia cristalina.

Pois o artista possui um estandarte:

Proliferar as emoções de nascença

Para que o mundo se esqueça das dores

Que o assolam e, assim, alvoreça

Através das cores que colorirão

O céu, e farão o azul do mar fluorescer

Para quem ousa fazer em si uma revolução.

Afinal, o artista derrama o sentimento

E, com tal estímulo, uma reação é promovida,

Criando novos homens sob o firmamento.

*Texto presente na 69ª edição da antologia poética da Editora Palavra é Arte, de Jardinópolis-SP.

Ronaldo Junior
Enviado por Ronaldo Junior em 19/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
Código do texto: T5282297
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