Ventanias

Relicário

Na primeira gaveta do armário

no relicário de todos os meus pertences,

guardo um caixa de afetos permanentes,

predileto,

como por excelência.

Um outro embrulho

de conteúdo semelhante,

a prata de um quarto-minguante,

um poema do Pessoa,

e um terço.

E por debaixo da sutil e pessoal riqueza

respaldo a insistência e a firmeza

com que sempre apostei na tua vinda:

Guardo uma tolha de mesa, sem uso,

e um lençol, muito branco, de linho.

Olga Maria Scuoteguazza

Do belíssimo livro, "Ensaios de Foyer"

Ventanias

Quando chegares não digas nada

Os meus olhares te dirão tudo

Nosso silêncio vai pernoitar

E aos teus braços vou pertencer...

Serei eterno como tu querias

Encontrar um dia que durasse pouco

Mas que fosse tanto, que depois morrer

Aconteceria sem se perceber.

Lá fora o vento forte

Assobia se espreguiçando

Derruba os galhos secos

E algumas flores desabrochando...

Te lembras de flores do campo

Quando pensares o que és pra mim

Que eu guardo do perfume o cheiro

E as ventanias das noites sem fim...

Já é tarde, levas meu pranto

Que esse soluço sufoca a dor

Não digo adeus, é covardia,

Até mais tarde, até um dia.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 23/08/2015
Reeditado em 24/08/2015
Código do texto: T5356752
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