O trem e o nunca

O nunca batendo na janela da hipocrisia

água mole, pedra dura, tanto bate até que

afunda o barco que era de madeira.

Copo d’água gelado no inverno

dói o interno da gente.

Sendo assim, o café quente é pedido

na padaria que nunca entraria.

O açúcar é bastante,

tem cancela na avenida

para cuidar que vem o trem.

Na xícara tudo chacoalha

o trem vem chegando.

A cidade é toda nunca

o trem é todo além.

No nunca, há quem diga

que tudo é pessimismo.

O nunca é conforto,

dá satisfação em não ser.

[J.O.]

Jéssica Orth
Enviado por Jéssica Orth em 24/08/2015
Código do texto: T5357826
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