O RALO DO MUNDO

A poeira é o pó compacto

Com que a mãe terra se maquia...

Suas unhas bem cuidadas e delicadamente bem pintadas

São suas luminescentes flores com odores de maresia

Seus espelhos são lagoas cujo olhar reflete uma linda lua cheia...

Ao pisar sutil e inerte com seus pés o solo da terra que chilreia

São ondas que se perdem e murmuram sem pedir licença

Apagando os passos humanos nas areias balbuciantes da praia

Para que não percebam sua presença e vigilante atalaia...

Suas pupilas são revoadas de cisnes atingindo a amazônia-Himalaia

E sua boca são cataratas de vida ecoando no ecossistema

A terra se enfeita ornada de orvalho e verde penugem...

Seus ossos fortes são troncos maciços de árvores milenares e virgens

Suas margens e veias fluídos de sua vertigem caboclo-imaginária

Índios são suas tatuagens naturais de sua pele mortuária

Raízes são suas bíblias de caules e genes

Estão roubando suas maquiagens de recursos naturais

E são predadores homens, não seus sagrados animais...

São homens animais e termitas usurpadores florestais

Vão comer granas pelos cipós-trepadeiras da ganancia

Vão comerem-se uns aos outros quais canibais perdigueiros

E vão morrer de fome...seus nomes são pés de DINHEIRO

A terra se enfeita de alva penugem feita de ramos

Passa a nuvem com pena dela e somem-se travesseiros enfadonhos

Ela ainda vaidosa se enfeita de mel para que a alma adocemos

Para que também felizes voemos

Por sua ramagem de ramalhetes e sonhos...

Para que do fundo de nossas almas e úberes

Possamos acordar deste pântano insalubre

Da qual ela se encontra e salva-la e muito a fundo

E tentar sanear os que ainda sobrevivem no seu ralo imundo...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 28/08/2015
Reeditado em 28/08/2015
Código do texto: T5361774
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