São tardes vazias
São tardes vazias,
São dias vadios.
Na abadia do destino
Nenhum padre reza missa.
Sua vida é tão omissa
Que você nem sabe dela.
E o futuro vai crescendo,
Arredio, qual favela.
Antigas são as raízes
Ilusórias do teu samba.
O assobio no peito
É o grito da criança,
Abandonada por aquilo
Que lhe era tão querido.
Já não sei se tenho amigos,
E se tenho, estão bem longe.
Tão longe, só dão saudade.
Eu me sinto como um frade
Privado de seus anseios.
Eu me sinto como um louco,
Perdido em meus desvaneios.
Perdido. Não tenho bússola.
Não sei pra que ponto aponto,
Não sei se algum dia alcanço,
(E nenhum braço me alcança)
Quero mudar de vida!
Quero tomar um rumo!
Quero arranjar um fumo...
Vou roendo minhas unhas,
Não consigo fazer nada.
Minhas mãos estão travadas,
Minha mente se desespera.
Sempre algo a me faltar,
A caveira a me sorrir.
Me sinto como represa,
Sempre a ponto de explodir.
Quero me suicidar?
Mas acho que já morri...