Já houve um tempo
Que a noite, feita um monstro negro, engolia
Saborosamente o que restava de mim
Devorando, também, lentamente o dia,
Parecia o começo do fim.

Quando aquele manto negro descia
Cobrindo os últimos raios do sol
No peito uma profunda agonia,
Na mente um desamparo sem igual.

Na solidão da noite escura
Povoada de bizarros pensamentos
Enquanto todos descansavam
Eu vivia meus tormentos.

A chegada da aurora
Com o frescor típico das manhãs
Me salvava da escuridão da noite,
 
Cruel algoz!

Que fustigava seu açoite
Sobre a mente confusa
Viciada em fugas vãs.