Fuga

Eu não sei quem sou e nem sei o que vocês são

O que são?

Um vão explosivo qualquer,

Uma volta no mundo de pé

Em pé

Cartões de crédito e academia

Teatro e a culta anomalia

Um selfie sem o “Sorria”

Repito o passo descompassado dos que vivem, sobrevivem.

Engulo a dose de cachaça deixada pelos embriagantes

Entorto meu lado relaxante

Sou uma balbúrdia premeditada

Vaga

E quando implodo-me sem qualquer cerimônia

Aí, a vida é uma cerimônia

Sou educado, um sorriso surrado

Quando este canto da boca, seco e desgastado

E quando este canto da boca, desgastado!

Um exercício de paciência

Redes sociais ou mesmo TV aberta

Uma masturbação diária, repetida e ensaiada

Forjada. Suada. Cansada

Enquanto isso, uma lágrima suicida se joga

Num precipício sem volta

Imagina desenhar uma vida por uma base torta?

Volta.

Ojeriza-se propriamente diante dos aperfeiçoados

Sussurro, sorrio, sorrir: O verbo sorrir

Fugir.

Ricardo Rayan
Enviado por Ricardo Rayan em 24/04/2016
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