Fuga
Eu não sei quem sou e nem sei o que vocês são
O que são?
Um vão explosivo qualquer,
Uma volta no mundo de pé
Em pé
Cartões de crédito e academia
Teatro e a culta anomalia
Um selfie sem o “Sorria”
Repito o passo descompassado dos que vivem, sobrevivem.
Engulo a dose de cachaça deixada pelos embriagantes
Entorto meu lado relaxante
Sou uma balbúrdia premeditada
Vaga
E quando implodo-me sem qualquer cerimônia
Aí, a vida é uma cerimônia
Sou educado, um sorriso surrado
Quando este canto da boca, seco e desgastado
E quando este canto da boca, desgastado!
Um exercício de paciência
Redes sociais ou mesmo TV aberta
Uma masturbação diária, repetida e ensaiada
Forjada. Suada. Cansada
Enquanto isso, uma lágrima suicida se joga
Num precipício sem volta
Imagina desenhar uma vida por uma base torta?
Volta.
Ojeriza-se propriamente diante dos aperfeiçoados
Sussurro, sorrio, sorrir: O verbo sorrir
Fugir.