Lacaio - Indigente

Na noite calada o frio assombra

vultos abruptos por todos lados

a visão perdida avista a sombra

um caco humano em seus fados

O cheiro é forte do ente fraco

Na pele a sujeira do descaso

O olho não vê fome no braço

No pé a desigualdade do caso

O lixo é a imagem da pessoa

Dejetos vivos da humanidade

Deixados em sua sorte na rua

Feitos cidadãos sem sociedade

É o direito junto essa injustiça

Na boca dum homem que fala

A lei onde o gueto nega a liça

Na mão de uma criança fraca

Risca então esse céu um raio

Lá de cima jorra as lágrimas

Do resto que ficou dum lacaio

Abaixo do papelão na esquina

De

Marcondes Schifter

Poeta & Jornalista

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 28/04/2016
Reeditado em 07/01/2022
Código do texto: T5618709
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