ELOGIO DA LOUCURA

(I) Esfinge

Em mim, o céu e o inferno de Dante
convivem pacificamente
mesclados, irmanados, aliados.

Sons de harpas e gritos de guerra ecoam em mim
numa ópera-rock solta no espaço
e presa à minha garganta.

Tenho em mim todas as cores
gradações irmanadas, gradações isoladas;
uma forma igual, mas capaz de gerar todos os tipos de formas.

Em mim um espaço em branco,
vazio cheio de possibilidades
diariamente me decifrando - e me devorando.

(II) Rasante da alma

Eu quero arriscar
o vôo rasante dos loucos
sobre o precipício da razão.
Capturar minha pele de bicho,
voltar a ver a face dos deuses,
e sentir a fé dos que desafiam
o guardião invisível
dos segredos dos mortos.

Eu quero o batismo de fogo,
olhar sem medo a Grande Foice
do Senhor do Tempo
girando sobre minha cabeça.
Nadar no que flui da alma,
enxergar o arco-íris sobre o precipício,
e renascer a cada dia que nasce
da noite escura dos sentidos.

(III) Mandala

Eu tenho um disco voador dentro de mim
seres esotéricos
brilhantes da luz
que ilumina a alma.
Budistas, taoístas, maometanos
gritando AXÉ!!

Eu tenho um disco voador dentro de mim
seres da paz com asas de Fênix
brilhantes do fogo
que ao primeiro homem assustou.
Católicos, protestantes, umbandistas
Gritando: HARI, HARI!!

Eu tenho um disco-voador
dentro de mim
por isso sonho todas as noites
com um contato imediato
no meu quarto
da janela que dá para um muro.
Fátima Castanheira
Enviado por Fátima Castanheira em 15/05/2016
Reeditado em 17/09/2016
Código do texto: T5636466
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