Frágil papelão.
Houve épocas em que o desejo oculto do coração
Era o de esconder qualquer forma de escuridão
Tampar o buraco com frágil papelão
E esperar não ser notada no meio da multidão.
Reprimia a mais leve respiração
Não sabia de onde vinha deprimente prostração
Por fora usava uma máscara de integração
Mas não mais controlava o tamanho de sua deterioração.
O tempo passou e o sofrimento foi aliviado
O conhecimento de si e dos outros aos poucos foi presenciado
Seu amor próprio há muito esquecido foi nutrido e irradiado
Mas algo atrapalhava o proveito do equilíbrio que foi criado.
Procurava provas que tivesse negligenciado
De emoções e razões que pensara já ter desanuviado
Mas os seus pensamentos eram aparentemente bem conciliados
Não identificava o reparo essencial que talvez não tivera sido remediado.
Sua cabeça reclamava com insistência
Sua barriga em desarranjo já pedia clemência
As náuseas já anunciavam ao seu corpo com eficiência
Que os meios somáticos já tinham psico-conivência.
Tudo o que ela queria era a abrangência
De que toda solução exige o fim da malemolência.
Mas como ter tal diligência
Sem conhecer do problema a sua essência?