INSENSATEZ

Há multimídia no ar.

Estrondo para os tímpanos.

Tão alto que nada se entende,

Parecem ondas sem sentidos.

Há um remelexo estranho

Tentando seduzir o silêncio

Apesar de ser alta madrugada.

Nas palavras, acordes sem nexo.

Vez em quando um ziguezague

Se apresenta no vaivém do som.

Zoada inaudita imita melodias

Brancas e sem compasso.

Contraponto estéril. Tom aguado

De um ritmo dissoluto estático.

Não há imagens, só a sonoplastia

Incauta remoendo as paciências.

Barulho que a vigília reclama

E o descanso some envergonhado.

O sono vagueia sobre as ilusões

Dissipando sonhos inexistentes.

Clamor se escuta nos sussurros

Dos indivíduos atropelados

Pela inescrupulosidade dos loucos

Que invadem o deserto alheio.

A noite deixou de ser criança.

O amanhecer é o anfitrição das horas

Em que os massacrados se levantam

Para os compromissos do novo dia.

Subitamente a eclosão dos ruídos cessa.

Os galos ciscam e cantam nos terreiros.

O banho matinal não descarrega a fadiga.

O tempo voa e outra noite já se aproxima...

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 24/05/2016
Código do texto: T5645077
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.