ALMA SERTANEJA

Tentaram descobrir onde o sertanejo guardava sua alma.

Cavocaram todo seu ser e nada descobriram.

Quiseram saber de onde vinha o seu suor

viraram seu corpo do avesso e nada foi achado.

Foram vasculhar pra saber a raiz das suas emoções.

Sacudiram seus ossos até não poder mais

e também nada apareceu.

Quiseram saber de onde vinha a sua determinação.

Olharam cada pedaço da sua mente

e nada apareceu.

Decidiram investigar onde estava

a fonte das suas paixões.

Foram fundo em todos os cantos do seu coração

e novamente voltaram de mãos vazias.

Ficaram indignados por nada achar,

tudo dizia que aquela criatura era recheada

por um vazio sem tamanho.

Parecia que Deus fez aquele homem

sem caprichar muito,

como se tivesse sido concebido

na correria, sem muito cuidado, ou atenção.

Então alguém teve a ideia de olhar na sola dos seus pés.

Pés calejados, doídos, marcados pela ruindade do chão,

pela frieza da seca, pela malvadeza da fome.

Na sola daqueles pés estavam a alma,

suor, emoção, determinação e paixão de todos os homens.

Este poema foi inspirado no livro que estou escrevendo agora retratando a trajetória de vida de um sertanejo, Severino Avelino Silva, 62 anos, morador na cidade de Pendências, no Rio Grande do Norte.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 29/05/2016
Reeditado em 22/06/2016
Código do texto: T5650299
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