VÃO-SE OS ANÉIS, FICAM OS DEDOS

Miguezim de Princesa

I

O processo dormitava

Na gaveta do Supremo.

Não se chegava ao extremo,

Pois ninguém ameaçava.

Quando Calheiros bradava.

Fazia aquilo com medo.

Ameaçou sem segredo

Cortar grana de juiz,

Marco Aurélio mesmo diz:

Vão-se os anéis, ficam os dedos.

II

Marco Aurélio prolatou:

Renam está afastado

Até que seja julgado

Na Corte que processou.

Com raiva ele desdenhou,

Fez cara de cabra azedo,

O juiz ficou com medo

Do auxílio-moradia,

A liminar foi de dia:

Vão-se os anéis, ficam os dedos.

III

Quando o juiz é ladrão,

A pena é se aposentar,

Na praia vai passear

Pela cruel punição,

Tem auxílio-educação,

Paletó não é segredo,

Seu contracheque é o enredo

De uma pátria sem jeito,

Mas ele bate no peito:

Vão-se os anéis, ficam os dedos!

IV

Férias de 60 dias,

Mil e um penduricalhos

Que mais parecem chocalhos

Animando a freguesia,

Um auxílio-moradia

Pra quem já mora em mansão,

Um auxílio-educação

E um cofre cheio de segredos:

Vão-se os anéis, ficam os dedos

E viva a nossa Nação!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 06/12/2016
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