Silêncios

Hoje, quatro de dezembro de dois mil e dezesseis,

uma amiga me noticia a morte

de Ferreira Gullar.

Soco no estômago!

Por uma espécie de sentimento corporativista,

acuso o golpe.

Meu pai, ao lado, lendo jornal,

fico lamentando a morte do poeta:

Poxa, morreu! Quem? Ferreira Gullar! Mas já tava bem acabadinho!

Fico imaginando se tinha acabado.

Se tinha algo mais a dizer. Se diria mais alguma coisa em poesia.

Não cabe a pergunta.

Embora triste, me consolo.

A poesia se reproduz

nos silêncios do que já foi dito.

Lucian Rodrigues
Enviado por Lucian Rodrigues em 07/12/2016
Código do texto: T5846824
Classificação de conteúdo: seguro