Déjà-vu

Você já sentiu aquela sensação peculiar

De já ter visto aquilo antes

Quando o novo te parece familiar

De um tempo que parece distante

Talvez de um filme, propaganda ou programa de televisão

Ou no ônibus escutando alguma conversa alheia

Quiçá numa palestra, num livro ou convenção

Quem sabe num sonho esta sensação se baseia

Seriam almas gêmeas num reencontro?

Somente uma mente a delirar?

A memória é convocada para o confronto

Na luta por decifrar

Será que este verso não é reprise

Perdido num poema já escrito?

Seria da criatividade a crise?

Seria o inventar finito?

E como ver algo inédito, em primeira mão

Pela primeira vez na história da humanidade

Uma nova categoria, ainda sem classificação

Algo merecedor do título de “exclusividade”?

O original busca em meus arquivos

Mas minha biblioteca está meio ultrapassada

Preciso arranjar novos substantivos

Para me declarar para a pessoa amada

Em outros ares, outros bares a solução

Reciclar uma mente limitada

Espaço para o novo e seu poder de inspiração

Seria esta a alternativa, a saída procurada?

Não sei, martelar e repetir o que sinto

É como um exercício de fixação

Como se o amor pudesse ser extinto

Ou pudesse fugir do meu coração

E mesmo em outro mundo, outra dimensão

Coisa nova eu não dou certeza

Este poeta é uma eterna repetição

Do seu amor por uma princesa

Espera, acho que já vi isto

Acho até que já disse

O plágio do que é meu é um risco

E faz parte desta maluquice

:)