ENTENDAM MEU CANTO!
Eu quero cantar para a multidão,
Até que o povo entenda meu canto.
Pretendo ajeitar meu coração,
Jogando fora todo drama e pranto.
Quanto viajei por toda a Terra,
Sem encontrar verdadeiro acalanto.
Tanto lutei minha triste guerra,
Fazendo o diabo e me sentindo santo.
Vi muitos agindo como cordeiros,
Mas eram lobos ocultos num manto.
O tempo descobre o animal verdadeiro,
E acaba o fascínio, acaba o encanto.
No início brigava, agora ignoro
A frieza de crimes, que causam espanto.
Lamento, enraiveço, entristeço, choro,
E escrevo a denúncia num ermo recanto.
Um idioma aprendi, que é universal,
E o nome uma santa promessa: Esperanto;
Mas a ferocidade é a regra geral.
Ninguém quer a paz e a união, por enquanto.
Eu sigo cantando e escrevendo um tanto,
Porque só assim sei dizer o que sinto.
Para mim a escrita é um dever sacrossanto,
Embora, amiúde, risque só por instinto.
Cada verso ou frase, assertiva, entretanto,
É pedaço rimado de meu labirinto.
Se o texto é humilde e não o abrilhanto,
É que o pouco talento me torna sucinto.
No entanto, garanto:
Se escrevo, não minto.