ENTENDAM MEU CANTO!

Eu quero cantar para a multidão,

Até que o povo entenda meu canto.

Pretendo ajeitar meu coração,

Jogando fora todo drama e pranto.

Quanto viajei por toda a Terra,

Sem encontrar verdadeiro acalanto.

Tanto lutei minha triste guerra,

Fazendo o diabo e me sentindo santo.

Vi muitos agindo como cordeiros,

Mas eram lobos ocultos num manto.

O tempo descobre o animal verdadeiro,

E acaba o fascínio, acaba o encanto.

No início brigava, agora ignoro

A frieza de crimes, que causam espanto.

Lamento, enraiveço, entristeço, choro,

E escrevo a denúncia num ermo recanto.

Um idioma aprendi, que é universal,

E o nome uma santa promessa: Esperanto;

Mas a ferocidade é a regra geral.

Ninguém quer a paz e a união, por enquanto.

Eu sigo cantando e escrevendo um tanto,

Porque só assim sei dizer o que sinto.

Para mim a escrita é um dever sacrossanto,

Embora, amiúde, risque só por instinto.

Cada verso ou frase, assertiva, entretanto,

É pedaço rimado de meu labirinto.

Se o texto é humilde e não o abrilhanto,

É que o pouco talento me torna sucinto.

No entanto, garanto:

Se escrevo, não minto.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 25/03/2017
Código do texto: T5951899
Classificação de conteúdo: seguro