FIO DA NAVALHA

Esse frio na espinha

Andar no fio da navalha

Alguém assopra e espalha

O seu prato de farinha

Nas margens da estrada

Há uma grande muralha

Parece não ser nada

Mas divide uma batalha

Se for um pouco curioso

Espie por uma brecha

Dentro arsenal poderoso

Você de arco e flecha

Esse frio na espinha

Andar no fio da navalha

Por qualquer coisa que valha

Criam uma picuinha

Cuidado no caminho

Pra não dar vexame

Pise bem de mansinho

Traíra tem de enxame

Apontam tanto dedo

Em Moderna Inquisição

Fazem-nos borrar de medo

De joelhos prostram ao chão

Esse frio na espinha

Vida no fio da navalha

Remexem sua tralha

Rasgam até sua fezinha

Reviram sua sacola

Jogam fora a marmita

Te suspendem pela gola

E chamam de parasita

Esse frio na espinha

Vida no fio da navalha

Vontade de jogar a toalha

Galo vencido na rinha

Agradecer e ficar quietinhos

Andar sem olhar pros lados

Fingir sermos macaquinhos

Cegos, surdos e calados

Esse frio na espinha

Vida no fio da navalha

Pode preparar a mortalha

Ir pro céu, ser estrelinha

Quase tudo é proibido

No fim do túnel só o escuro

Quem mandou não ter nascido

Do outro lado do muro

Esse frio na espinha

Vida no fio da navalha

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 13/04/2017
Código do texto: T5969518
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