RETRATO CALADO
A cor dela é poesia.
E os lábios, veludo vinho pra minha sede incontida.
Os olhos dela são noites. Às vezes têm luar. Às vezes apagam se todos os caminhos. Não há como atravessar.
O andar dela é o bater das ondas na praia. E meu olho vigia.
A voz dela é o sussurro do céu quando a chuva anuncia, deixando rastro dentro da nuvem. A pele arrepia.
Não sei do que é feita, se de dor ou euforia.
Se chora enquanto escreve, se arde quando imagina.
O ritmo dela varia.
E os lábios dizem tudo. Mesmo sem palavra alguma, seu silêncio sorri de dentro pra fora.
Ela dorme do lado direito da minha loucura.
Está nua em meu leito como uma estrela no céu.
E há ainda vertigem além deste desejo que queima meus sonhos em brasa e
abraça com fúria o medo.
Ela respira segredos...